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domingo, 23 de agosto de 2015

Agroecologia surge como opção para fugir da avalanche de agrotóxicos


A notícia é do jornal "Umuarama Ilustrado", do noroeste do Paraná.

Umuarama – Setores e órgãos ligados a saúde brasileira lançaram dados do volume de venda de agrotóxicos no Brasil. Conforme o boletim, os valores saltaram de US$ 2 bilhões em 2001 para US$ 8,5 bilhões em 2011. No ano de 2009 o País já havia alcançou a indesejável posição de maior consumidor de veneno do mundo. Os números anunciados no primeiro semestre deste ano assustaram o setor público da agricultura, como também a população, promovendo o renascimento da agroecologia e dos produtos orgânicos.

Em nota o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, mostra que os números de consumo de agrotóxico ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante. Conforme especialistas, não existe um trabalho cientifico concreto com relação entre consumo de agrotóxico e problemas de saúde. Porém, na prática, a frase: “você é o que você come”, sempre é ressaltada pelos médicos.

O alvoroço em torno do assunto e suas incerteza está levando parte da comunidade à buscar produtos manejados de outra forma, mas não desconhecida dos agricultores mais antigos. Os meios de produção de alimentos vindos da agroecologia ressurgem como opção para fugir do veneno e segundo o agricultor orgânico, Luiz Carlos Gomes Santos, após 11 anos trabalhando com produtos orgânicos, a procura pelo alimento aumentou muito nos últimos anos.

Antes de abolir o agrotóxico e os adubos químicos da sua produção, Santos trabalhou 12 anos com a cultura convencional, porém em 2004 optou por voltar as raízes dos seus antepassado trabalhando com produtos orgânicos. “Foi uma escolha pensando na minha família e no consumidor. Queria oferecer um produto diferente. Mas também pelo controle dos bichos, pois mesmo com o agrotóxico eles apareciam. Agora tudo vive em harmonia”, ressaltou.

Ainda segundo o produtor, no começo foi muito difícil produzir no orgânico, mas agora não pretende voltar à cultura convencional. Ele também ressaltou que a procura pelos alimentos orgânicos vem aumentando, o que mostra uma mudança nos hábitos dos clientes. “Aqui produzo de tudo. De folhosas à tomate, morango, pimentão, berinjela, pepino, abobrinha entre outros”, informou.

Ainda conforme dados do dossiê, o modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho. São caracterizadas por efeitos como irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte. Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas.

Processados pela indústria 
Os resíduos dos agrotóxicos não ocorrem apenas em alimentos in natura, ressalta o estudo. Mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas, pizzas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja, por exemplo. Ainda podem estar presentes nas carnes e leites de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos, devido ao processo de bioacumulação. Neste sentido, o Inca ressalta que a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são alimentos fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer.

Palavra da especialistas
Segundo a mastologista Josiane Saab Rahal, trabalhos científicos que comprovam a relação entre câncer e agrotóxicos não foram totalmente concluídos, mas percebemos que o número de carcinomas vem aumentando e principalmente em uma faixa de brasileiros mais jovens. Neste sentido, segue uma linha de investigação a respeito da alimentação com veneno. “Acredito que os trabalhos que estão chegando virão com a confirmação disso. Temos paciente mais jovens acometidos pelo tumor, qual o motivo? Penso que a alimentação tenha muita influência nos casos”, questionou a médica.


Um comentário:

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