Em Itobi, SP, produtor aproveita pó de granito para adubação da terra. Estímulo a feiras locais pode tornar produção sustentável, diz professor.
O consumo de alimentos orgânicos, aqueles que são livres de agrotóxicos, está crescendo a cada ano. Agora, o desafio dos agricultores é melhorar a produtividade e diminuir o preço para o consumidor.
O trabalho na produção orgânica é dobrado. “Porque tudo tem que trabalhar manualmente, catar mato”, disse a trabalhadora rural Cristina Batista.
Um sítio de Itobi (SP) produz alimentos orgânicos há 30 anos e, segundo os produtores, a venda tem aumentado em médica 15% ao ano. A cesta feita no local vai direto para o consumidor. “Saber que vai chegar direto na mão dele. É um cuidado especial que a gente tem porque você sabe para onde a sua mercadoria está indo”, disse a supervisora de marketing Adriana Barbieri.
Além de se preocupar com os manejos da terra e da produção, os agricultores também procuram as melhores formas de reaproveitar materiais que muitos jogam fora. O pó de granito, por exemplo, é usado para adubar a terra. O produtor Joop Stoltenborg explicou que o granito, o mármore e o basalto possuem compostos que aumentam a quantidade de vida no solo.
Apesar disso, a técnica só dá resultado em plantações sem agrotóxicos. “Pode ter por metro quadrado um quilo de vida, como minhocas, bactérias e fungos, que conseguem transformar esse pó de granito, mármore e basalto em alimento para as plantas”, disse.
Um das dificuldades da produção orgânica é a produtividade, que ainda é pelo menos 30% menor do que a da agricultura convencional. “Até hoje os resultados se devem ao esforço do produtor. Somente é recente que órgãos de pesquisa começaram a ter como linha de pesquisa a agricultura orgânica”, disse o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Luiz Antonio Correia Margarido.
Outro desafio é criar mercados próximos aos locais de produção. Com isso, os impactos ambientais relacionados ao transporte seriam minimizados e a produção se tornaria mais sustentável. “Em algumas cidades você estimular essas feiras locais, onde o produtor fornece diretamente o seu produto para o consumidor”, explicou o professor. Hoje, a fazenda em Itobi vende 80% da produção para São Paulo, que fica a 250 quilômetros. Em cinco anos, o objetivo é dobrar a venda de orgânicos na região.
Para estimular o consumo, o produtor Stoltenborg dá palestras nas cidades próximas a Itobi, além de cursos sobre produção orgânica voltadas para a agricultura familiar. Enquanto isso, ele faz o que está ao alcance para neutralizar os impactos. “A leguminosas conseguem tirar nitrogênio do ar, melhorando muito a terra com essa adubação verde”, disse.
Fonte: G1 - globo.com
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